POSTCARDS I
(Madrid, Gran Via. A. Mueller)
MADRID
Depois do sol, do rioja, do presunto serrano, dos tapas, dos Velázques do Prado, dos cinemas da Gran Vía, Madrid fica na memória como uma casa de molas. O que fazer com molas, sem aparelhos que delas necessitem? O que fazer com Madrid longe de Madrid? Recordar-se, apenas. Pois a recordação é a mãe das musas, que são filhas bastardas das bailaoras, aquelas que ficam escondidas em todas as esquinas da cidade real, desafiando os passantes a um duelo com a espada negra dos olhos. Em Madrid não e vê: é-se visto. Mas não se trata de visão apenas. Madrid também entra pelos poros, e fica na pele, como uma doença: uma saudade. Madrid não existe. Está sendo sempre inventada.
Adalberto Mueller
1 Comments:
É verdade Adalberto... Madrid contamina, embruja, se faz mais presente na ausência. Fica na pele, no sangue, muito mais do que na lembrança.
Post a Comment
<< Home