Saturday, April 30, 2005

BRECHT

BERTOLD BRECHT
Quatro Poemas


FRAQUEZAS

Você não tinha nenhuma,
Eu tinha uma:
Eu amei.


PERCEPÇÃO

Quando retornei
Meu cabelo ainda não estava grisalho,
Por isso estava alegre.

A fadiga das montanhas ficou atrás.
À nossa frente fica a fadiga das planícies.

HOLLYWOOD

Todos os dias, para ganhar meu pão,
Vou ao mercado em que se vende a mentira.
Cheio de esperança
Me alinho junto aos vendedores.


O TUFÃO

Fugindo do Grande Pintor para os States
Notamos de repente que nosso barquinho estancara.
Uma noite toda e um dia todo
Estancado à altura de Luzón no Mar da China.

Alguns disseram, é um Tufão que uiva no norte,
Outros temiam navios piratas alemães.
Todos
Preferiram o tufão aos alemães.



Traduções : Adalberto Mueller, exceto “O Tufão”, traduzido por Gaby Kirsch e Adalberto Mueller.

Saturday, April 23, 2005

Salvación

Se fuga la isla
Y la muchacha vuelve a escalar el viento
y a descubrir la muerte del pájaro profeta
Ahora es el fuego sometido
Ahora es la carne
la hoja
la piedra
perdidos en la fuente del tormento
como el navegante en el horror de la civilación
que purifica la caída de la noche
Ahora
la muchacha halla la máscara del infinito
y rompe el muro de la poesía.

Alejandra Pizarnik
(La última inocencia, 1956)

Friday, April 08, 2005

Sendas do Coração

Um deus pode. Dá-me no entanto um só exemplo
de quem tangeu em rude lira uma canção
sem discórdia. Onde as sendas do coração
se cruzam, a Apolo, não se ergue nenhum templo.

Cantar não é, como o ensinas, querer ter,
nem é a busca de algo que ao fim se alcança.
Cantar é ser. Para um deus isso é uma dança.
Mas nós, quando somos? E quando em nosso Ser

ele fará girar as estrelas e a terra?
Criança, em amar não há grande vantagem,
embora te mantenha a boca aberta; aferra-

te em esquecer o encanto. Sem lamento.
Na verdade, cantar é uma outra aragem.
Só uma aragem. Um alento em Deus. Um vento.

Rainer Rilke, Sonneten an Orpheus, 3
(Tradução Adalberto Müller)