DE NEUMARKT À ESCURIDÃO
VOM NEUMARKT BIS ZUR DUNKELHEIT
Stadtbibliothek. À nossa frente guindastes, e a torre da igreja de Hansaring estampando em neon rosa a sentença NOLI SOLLICITUS ESSE. Entre uma taça de café e a primeira cerveja você disse não sei, com olhos que se moviam já a contrapelo da compostura recatada, apenas denunciada pelas mãos trêmulas e pelo arfar do colo sob a camisa de seda estampada com flores. Depois de outra bebida, soltando os cabelos, entre uma e outra palavras, ditas numa língua bárbara, que se perdiam na brisa do verão soprando nas folhas verdes dos jovens olmos que crescem junto à Volkshochschule, sua boca sussurou um pode ser quase inaudível, que caiu nos meus ouvidos como a pétala de uma rosa vermelha sobre a neve. Andamos e nos perdemos por ruas tortas, de Rudolfplatz a Clodwigplatz, de Barbarossaplatz a Friesenplatz, de Friesenplatz à sua cama, e entramos no intrincado dédalo da noite.
Köln, 19.10.2002