LINHA IMAGINARIA
Trecho do projeto de documentario LINHA IMAGINARIA. Espero filmar em 2010.
Nasci na fronteira do Brasil com o Paraguai, em Ponta Porã. Do outro lado se chamava Pedro Juan Caballero. Filho de um teuto-brasileiro com uma paraguaia, cresci ouvindo 4 idiomas: português, espanhol, guarani e alemão. Da rua onde eu morava (Avenida Internacional), era possível ver o outro lado, o Paraguai, pois a fronteira é seca, ela pode ser cruzada a qualquer hora, a pé ou de carro, sem controles de passaporte. Mas só quem nasceu lá sabe onde se pode e onde não se deve cruzar a fronteira. Quando pequeno, me disseram que a separação entre os dois países era uma tal “linha imaginária”. Nunca consegui ver a linha, só os dois marcos de concreto (um em cada extremo das cidades). Aos poucos descrobri que havia vários tipos de fronteira. Inclusive internas (...)
Minha experiência de fronteira está registrada de maneira sintética num poema que publiquei no livro Enquanto velo teu sono (7Letras, 2003), e creio que ele define o tom do documentário de poesia:
Épura
Já não estou mais
onde nasci
nasci onde
nunca estive
hoje vivo
na fronteira dos ventos
na linha imaginária
que sobrou entre os marcos
Invisíveis de um mundo
que se move
Adalberto Müller, Enquanto velo teu sono, 2003.
2 Comments:
Muito bacana, vou querer ver isso...Posso ajudar? Rs... Tem que mudar sua localização: não é mais Brasília e sim Rio. Mais uma fronteira...
Caríssimo
poeta e tradutor
como posso contactá-lo?
Estou organizando uma coletânea de poetas-juristas (ou o contrário) e há contribuições vindas do Brasil, da Alemanha, da Itália, etc.
Após vigorosos elogios ao seu trabalho, acabei aqui, entre as páginas do seu blog.
Gostaria de explicar-lhe melhor do que se trata e ouvir eventual proposta de trabalho. Sou Fayga Bedê e meu email é: faygabede@hotmail.com
Também estou no lá pelo Orkut.
[não estranhe, no momento, posto do computador da Tania...:-)... ]
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